O Parque Estadual de Terra Ronca (Peter), uma das 24 unidades de conservação administradas pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), reuniu milhares de pessoas para romaria de Bom Jesus da Lapa, de 1º a 6 de agosto. O parque estadual fica nos municípios de São Domingos e Guarani de Goiás.
O encerramento foi marcado por uma missa em frente à gruta que guarda o santuário e onde goteja a água que – segundo peregrinos – opera milagres.
Terra Ronca
A maioria dos fiéis vêm de municípios do Nordeste goiano e de estados próximos, como Bahia e Tocantins. Aqueles que fazem o percurso à pé se programam para chegar no fim de semana. Os cavaleiros costumam começar a viagem na sexta.
Os que saem de Iaciara, por exemplo, percorrem cerca de 104 km. A partir de São Domingos, são 40 km. No dia 5, acontece uma missa no povoado de São João, próximo ao Peter. No dia seguinte, a missa é no parque.
Devoção
Depois de passar pelas barracas que servem arroz carreteiro, milho, feijão tropeiro, espetinho e galinha caipira, o fiel chega à gruta. Um altar guarda as imagens santas. Uma gruta menor recepciona itens correspondentes ao milagre que cada um espera: um muleta, por exemplo, entregue por quem lida com problemas de locomoção; pernas, cabeças e braços de cera, além de cadeiras de roda.
Ali perto há estalactites de onde goteja uma água com propriedades milagrosas. Em grupos de quatro ou cinco, os fiéis se dirigem à passarela e estendem a mão para molhá-la. Uns banham o rosto, outros umidecem uma ferida, e há quem engarrafe um pouco para levar para casa.
Rivaldo Vieira de Souza, servidor da Semad que trabalha no Peter, explica que a romaria acontece há 94 anos.
“Ela começou com moradores de Correntina (BA), que quiseram reproduzir aqui a festa de Bom Jesus da Lapa que acontece na Bahia. Ocorre que, depois que a imagem santa foi instalada na gruta, começaram a surgir testemunhos de pessoas atendidas em suas preces”, relata.
Ele próprio foi batizado com a água benta. Filho de pais devotos, Rivaldo foi batizado há 30 anos no local e têm sua própria história de fé.
“Eu fui agraciado em 2001. Enfrentava um problema na garganta, uma sensação de que tinha um caroço. Eventualmente eu cuspia sangue. Fui a um otorrinolaringologista em Brasília, que não conseguiu fechar o diagnóstico. Voltei, fiz uma promessa recebi a cura. Saí do povoado a pé, rezei dez Ave-Marias e cinco Pai Nossos quando cheguei. Hoje estou bem”.
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