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O Governo de Goiás divulgou, nesta segunda-feira (10/02), a Matriz Insumo-Produto do Estado de Goiás (MIP-GO), uma iniciativa inovadora conduzida pela Secretaria da Economia, em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), a partir de um convênio celebrado entre as instituições.
A ferramenta analítica, que favorece a compreensão da economia estadual, está disponível no site da Economia (goias.gov.br/economia/matriz-de-insumo-produto-de-goias/).
Um dos grandes diferenciais da MIP-GO é o nível de detalhamento. A Matriz foi construída com base nas Tabelas de Recursos de Usos (Trus) de 131 produtos e 67 setores econômicos, possibilitando uma visão aprofundada dos fluxos de produção, consumo intermediário e demanda final.
A escolha dos setores foi pautada por quatro pontos principais: participação no comércio exterior, valor bruto da produção, geração de emprego e benefícios fiscais. A matriz foi desenvolvida para o ano de 2019, adotado como ano-base devido à estabilidade dos dados, não impactados por distorções da pandemia de Covid-19.
A ferramenta reflete as especificidades da economia goiana, destacando setores-chave como o agronegócio (soja, milho, carne), a indústria alimentícia e o transporte. Esse detalhamento possibilita identificar setores com maior capacidade de induzir crescimento econômico.
“A MIP-GO permite análises detalhadas de como produção, emprego e renda respondem às mudanças na demanda final, auxiliando na formulação de políticas públicas e estratégias de investimento na economia goiana”, explica o secretário da Economia, Francisco Sérvulo Freire Nogueira.
Também é considerada uma ferramenta de análise econômica básica para pesquisadores (instituições de ensino e pesquisa), além do setor privado em geral, para elaboração de estudos econômicos.
É a primeira vez que o Governo de Goiás investe na produção da Matriz, que, como novidade, utilizou registros de Notas Fiscais Eletrônicas para estimar fluxos econômicos internos e interestaduais.
Também foram incluídas outras bases, como:
a Relação Anual de Informações Sociais (Rais)/Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
Siscomex,
IBGE
e Tesouro Nacional.
Na Economia, o trabalho foi coordenado pela Subsecretaria do Tesouro, por meio da Gerência de Projeções e Análises Fiscais, e contou com a participação da Gerência de Integração e Análise de Dados da Superintendência de Informações Fiscais, e da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento.
O gerente de Projeções e Análises Fiscais, Paulo Roberto Scalco, explica que a MIP representa “um raio-x” de como a estrutura produtiva de um país ou estado está organizada.
“A construção a partir dos dados das notas fiscais dá uma qualidade muito maior para a MIP, porque ela representa de maneira mais fidedigna as inter-relações existentes entre os setores dentro da economia de Goiás”, afirma.
Elaboração
O IBGE é responsável pela construção da MIP brasileira, enquanto a elaboração das MIPs regionais fica a cargo dos estados. Em Goiás, o convênio para construção da ferramenta foi estabelecido entre Governo de Goiás, Funape e UFG, em 2022. Os pesquisadores trabalharam ao longo de dois anos no projeto.
“Com o suporte da MIP, o gestor pode realizar estudos técnicos e identificar as cadeias produtivas mais relevantes para o estado, ou seja, aquelas que possuem maior interligação e capacidade de dinamizar o crescimento econômico, gerando renda e emprego”.
“Por meio da análise de índices de ligação e dos multiplicadores regionais de produto, renda e emprego, é possível responder a questões práticas e estratégicas”, diz o coordenador do projeto, o professor da UFG, Cleyzer Adrian da Cunha, que também coordena o Mestrado em Economia da universidade.
MIP-GO
Com a MIP-GO, é possível analisar como choques no lado da oferta ou da demanda final repercutem sobre produção, emprego, renda e arrecadação tributária. Ao priorizar setores estratégicos, a matriz contribui para a alocação eficiente de recursos, visando o crescimento sustentável e a geração de benefícios socioeconômicos para Goiás.
“Caso haja um investimento de R$ 1 milhão na indústria de abate e produtos cárneos de aves, quantos empregos diretos e indiretos serão gerados? Quanto aumentará o valor da produção? Qual será o impacto sobre os salários do setor? Quais setores econômicos, devido à interdependência, serão diretamente e indiretamente afetados? E, por fim, quanto a arrecadação será incrementada? Essas são algumas das perguntas que a MIP pode responder, permitindo ao gestor público tomar decisões informadas e baseadas em evidências”, ressalta o pesquisador.
A ferramenta também é útil para avaliar os impactos de políticas de fechamento, como lockdowns, possibilitando a análise das perdas econômicas em termos de produção, emprego e renda.
Setores identificados na MIP-GO como mais dinâmicos e com maior capacidade de alavancar a economia:
Indústria de produtos químicos e higiene, cosméticos e limpeza; combustíveis e refino de petróleo
Transporte, armazenagem e correios
Indústria de açúcar e álcool (inclusive biocombustíveis)
Óleos e gorduras vegetais (soja, milho e outros) e animais
Metalurgia
Abate e produtos cárneos de aves
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, incluindo peças e acessórios
Abate e produtos cárneos de bovinos
Outras indústrias alimentícias (conservas, frutas, legumes, café beneficiado e outros) e fumo
Indústria de lácteos e laticínios
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