Goiás registrou aumento de 59% na doação de órgãos neste ano, e o Hospital Estadual de Formosa (HEF) tem se destacado. Com cinco captações realizadas, a unidade conta com uma equipe altamente qualificada, que atua com ética, empatia e respeito na abordagem das famílias envolvidas.
A conversa com familiares é sempre um momento delicado. Com isso, oportunidades como a Campanha do Setembro Verde são enfatizadas no hospital como uma chance de levar mais esclarecimento, diminuindo a resistência e os medos que a doação ainda provoca.
“A população precisa ter conhecimento dos diversos parâmetros que são necessários. É uma sequência de eventos para que o diagnóstico da doação possa ser realizado. Além disso, a captação é feita de acordo com o direito da família, que detém o poder de decisão”, explica o médio Oliver Vilanova, coordenador da UTI do HEF e presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).
Para Vilanova, o ambiente multidisciplinar com vários profissionais é o diferencial que traz a excelência para o trabalho do Hospital de Formosa.
“Em uma captação de órgãos, nós precisamos do apoio multiprofissional tanto para o diagnóstico, quanto para abordagem familiar e para o suporte ao paciente crítico”, afirma.
Recusas
No Brasil, a cada quatro potenciais doadores, somente um doa os órgãos. É o que mostra o Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, com dados de 2021. O mesmo levantamento também aponta que cerca de 40% das famílias consultadas se recusam a doar órgãos dos entes que partiram.
No estado de Goiás, a recusa das famílias chega a 63,4%, segundo os dados divulgados pelo Governo de Goiás ao lançar a Campanha Setembro Verde, no início do mês. Segundo Luiza Kalil, psicóloga do Hospital de Formosa, os principais motivos de recusa estão ligados à falta de conhecimento.
Luiza conta que é comum o pensamento de que a doação seja uma invasão ao corpo do ente querido e também há um sentimento de culpa ou negação em prosseguir após o fechamento do diagnóstico de morte encefálica.
“Por isso, é necessário um bom acolhimento para obter maior aceitação, salientando a importância e desmistificando todas estas questões culturais, bem como validando as emoções desses familiares. É importante deixar claro que o paciente será preservado de forma digna, com muito respeito, e que o ato de doar é uma forma de deixar o seu legado de vida, auxiliando quem necessita”, afirma a psicóloga.
Fila de espera
No país, mais de 65 mil pessoas aguardam na lista de espera por órgãos, um dos maiores números dos últimos 25 anos. A posição da pessoa na fila depende de uma combinação de tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão. Quem regula a fila é o Sistema Único de Saúde (SUS).
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