Em tempos de redes sociais, as notificações quase sempre geram ansiedade, mas para quem aguarda na fila para um transplante, a espera por uma ligação é o momento de maior expectativa. Por uma coincidência do destino, os celulares dos pacientes Beto Marçal e Luiz Carlos Machado tocaram na noite do último dia 30 de novembro e, finalmente, a notícia de compatibilidade.
Ambos passaram por transplante renal no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), unidade do Governo de Goiás, que é referência em Goiás. Somente no mês de novembro, 13 procedimentos foram realizados na unidade de saúde.
O cirurgião da equipe do Serviço de Transplantes do HGG, Marcus Vinicius Chalar, contou que uma das causas mais comuns de doença renal crônica é a hipertensão e o diabetes, mas que existe uma série de outras doenças que também podem causar o comprometimento dos rins.
“Muitas comorbidades acontecem de forma mais silenciosa, por isso a medicina preventiva é tão importante, é indicado procurar um médico para realizar exames de acordo com a faixa etária”.
Transplante
O médico reforçou ainda sobre os resultados dos transplantes renais na unidade do Governo de Goiás.
“Ao longo desses anos, acumulamos uma experiência muito grande que reflete na nossa taxa de sucesso, em torno de 90%. O transplante renal é um dos transplantes de órgãos sólidos mais simples. Tem seus riscos, claro, como toda cirurgia tem, mas não é propriamente uma das mais complexas, porém um procedimento bastante delicado.”
Beto Marçal, 38 anos, é professor de Educação Física e relatou que sempre praticou atividades físicas, mas a hipertensão acabou afetando a sua função renal.
“Sempre joguei bola, fiz musculação e, ainda assim, há dois anos descobri que os meus rins estavam parando. Precisei fazer hemodiálise durante três meses e, nesta semana, pedi para Deus: ‘Senhor, me dê um ano melhor’. Então, esse transplante é providência de Deus”.
O professor fez questão de agradecer à família do doador.
“Eu sei a dor que eu passei. Mesmo com o sofrimento de perder um ente querido, eles tiveram um bom coração e ajudaram outra vida. É uma benção.”
O comerciante Luiz Carlos Machado, 52 anos, confessou que chorou de alegria ao receber a notícia do transplante. Relatou que tem diabetes tipo 2, que a descobriu aos 40 anos, não a tratou como deveria e, aos 50, soube que os rins estavam funcionando apenas 30%.
“Em janeiro do ano passado, comecei a fazer hemodiálise. Em janeiro deste ano, entrei para fila, pensei ‘já estamos no final de novembro, acho que não será este ano’, mas me ligaram. Ficar três vezes por semana ligado a uma máquina é ficar preso. Você não pode sair, viajar, não pode fazer nada, e quando se tem uma segunda chance como essa, é uma felicidade enorme”, falou, emocionado.
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